O protocolo de atendimento das pessoas portadoras da anemia
falciforme, no que diz respeito ao quesito prioridade, está sendo descumprido
em Feira de Santana, principalmente em unidades de saúde voltadas às situações
de urgência e emergência. A informação é do vereador Jhonatas Monteiro (PSOL),
que fez pronunciamento sobre o assunto, na Tribuna da Câmara cobrando uma
resposta das secretarias de Saúde do Município e do Estado. De acordo com o
parlamentar, um número significativo de pessoas que convivem com a doença tem
se queixado do atendimento nas UPAs da Prefeitura, e também na do Clériston
Andrade – além do próprio Hospital Geral Cleriston Andrade e do Hospital
Estadual da Criança (HEC).
A UPA do HGCA, este hospital e também o HEC são administrados
pelo Governo da Bahia. Segundo Jhonatas, existe, inclusive, denúncias sobre
isto na Ouvidoria do Sistema Único de Saúde, bem como um conjunto de tentativas
de acionar a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), “mas as pessoas não têm
tido retorno”. Em 2020, ele assinala, até houve uma reunião, com a presença dos
coordenadores do Núcleo Regional de Saúde, do Programa de Equidade, da direção
do HGCA e de outros representantes da área estadual para tratar do assunto. Na
ocasião, informou Jhonatas, ficou definida a apresentação da carteirinha de
identificação do doente como medida para agilizar o atendimento preferencial
destes pacientes, independentemente da demanda no momento.
Mas o problema, observou, às vezes ocorre devido a falta de
compreensão por parte dos profissionais de saúde em relação a especificidades
do doente falciforme. “Ao não visualizarem uma situação aparente de sofrimento
no paciente, eles acabam achando que não se justifica uma prioridade no
atendimento. “Não entendem que a pessoa precisa ser atendida de acordo com este
direito conquistado. E em algumas unidades, os pacientes sequer estão sendo
recebidos”, protestou o parlamentar, ao cobrar a adoção de providências por
parte dos responsáveis pela temática na Sesab.
Jhonatas Monteiro citou, ainda, que os pacientes também têm
enfrentado problemas de demora no atendimento ou agendamento de retinoplastia
[condição oftalmológica que afeta a retina e impacta a visão] e falta de
medicamentos, como o ácido fólico.
MAIS DE R$ 100 MIL SEM UTILIZAÇÃO
Em Feira, a deficiência no funcionamento do serviço voltado a
esses pacientes, não se deve á falta de recursos financeiros, segundo
entendimento do vereador Jhonatas. Ele reclamou que valores de emendas
orçamentárias [inclusive indicados por seu mandato], direcionadas ao Centro
Municipal de Apoio à Pessoa com Doença Falciforme, totalizando mais de R$ 100
mil, não têm sido aplicados pela Prefeitura. “Inexplicavelmente, entra ano e
sai ano, as pessoas que têm a doença falciforme continuam negligenciadas, mesmo
havendo recursos”, criticou.
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