Os familiares de Ana Célia de
Jesus Santana, 44 anos, estão acusando o Hospital da Mulher de negligência
médica. Ela estava grávida, teve o bebê através de uma cesariana, mas
devido a complicações, não resistiu no final da manhã desta segunda-feira (25).
A
irmã da paciente, Cristiane de Jesus Santana, informou à reportagem do Acorda
Cidade que Ana Célia deu entrada na unidade na última sexta-feira (22), já
sentindo muitas dores.
"Minha
irmã não teve nenhuma assistência aqui desde a hora que ela chegou até esse
exato momento. Ela deu entrada na sexta-feira de noite e os médicos tentando
induzir o parto e ela pedindo socorro porque não tinha condições, trouxemos até
os papéis para fazer a ligadura nela, e isso não foi feito. No momento eu dei
uma de doida, chamei o marido dela, ele invadiu lá dentro, foi na hora que
veram correndo buscá-la e levá-la direto para o centro cirúrgico. Depois que
ela teve o neném, não pôde ficar nenhum acompanhante com ela lá dentro. Ela não
teve parto de risco, porém o filho dela nasceu com praticamente 5kg e ela não
tinha abertura para fazer esse parto e depois disso, ela ainda ficou se
queixando de dores e informaram que era por conta do parto, que era normal, mas
ela não estava sangrando, nem nada", explicou.
Após o parto, os familiares de
Ana Célia, solicitaram que a gestante tivesse acompanhante, mas o pedido foi
negado. Segundo Cristiane, Ana Célia já era considerada como acompanhante do
bebê.
"Depois
que deram alta, a gente pediu para acompanhá-la, mas eles não deixaram e a
própria assistente social informou que o caso dela era delicado, precisava de
acompanhante, não tinha condições de ficar sozinha. Ana Célia caiu sozinha
dentro de um banheiro, não teve ajuda de ninguém, se estivéssemos com ela,
estaríamos ajudando, mas dessa queda, ela não voltou mais. Se tivesse alguém lá
com ela, prontamente, iríamos pedir o socorro, mas ela não tinha o direito,
porque como o menino estava internado, ela já era a acompanhante do bebê",
lamentou.
Ainda
segundo a irmã da paciente, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu) foi acionada, mas a equipe foi informada que nada poderia
fazer.
"Eles solicitaram a Samu
aqui para vir buscá-la, mas disseram que não poderiam fazer nada, porque ela já
estava morta e a família agora vai entrar na justiça porque é necessário fazer
justiça, para que outas famílias não venham passar por esta situação que
estamos passando. Ela estava bem, não era parto de risco e isso não pode ficar
impune, uma mulher de 44 anos de idade, nova, saudável, era o seu terceiro
filho", concluiu.
A Secretaria Municipal de Comunicação se manifestou e publicou a
seguinte nota:
“Toda a equipe médica foi
acionada para prestar atendimento à paciente. Porém, infelizmente, ela
faleceu”. A informação é da diretora médica do Hospital Inácia Pinto dos
Santos, o Hospital da Mulher, Andreia Alencar, esclarecendo sobre a morte da
paciente A.C.J.S, 44 anos, ocorrida no final da manhã desta segunda-feira, 25.
Com histórico de comorbidades,
a paciente estava de alta hospitalar há oito dias e, apenas, acompanhava o
recém-nascido internado no Hospital da Mulher para tratamento clínico, quando
inesperadamente apresentou um quadro de sangramento agudo e intenso.
Conforme o prontuário, a
paciente “foi levada de imediato ao Centro Obstétrico, onde foi feito todo o
protocolo medicamentoso para contenção da hemorragia. Por não ter êxito com
medicamentos foi realizada histerectomia subtotal [retirada do útero],
mantendo-se estável”.
No entanto, no domingo, ainda
na sala de recuperação pós-anestesia, apresentou parada cardiorrespiratória,
sendo reanimada por volta de 1h10. A equipe médica solicitou vaga na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI), mas, mesmo com o leito reservado, o quadro de
instabilidade não permitia a transferência.
A parturiente foi levada
novamente ao Centro Cirúrgico por apresentar sangramento interno, sendo
assistida por equipe de anestesista, obstetras, cirurgião geral e de
Enfermagem. Ainda conforme o prontuário, ela apresentou um quadro gravíssimo de
coagulação intravascular disseminada, situação que os mecanismos de coagulação
não são mais eficazes. Apesar de todos os esforços, a paciente faleceu.
A Fundação Hospitalar de Feira
de Santana lamenta profundamente o ocorrido, e se solidariza aos familiares
pela irreparável perda. Vale salientar que a paciente estava com acompanhante.
Fonte:
Acorda Cidade