terça-feira, 11 de agosto de 2020

Empresa oferece risco de dano ambiental na Barragem de Pedra do Cavalo


Uma série de documentos com pareceres técnicos e autos de infração, que podem comprovar danos ambientais pela Usina Hidroelétrica de Pedra do Cavalo, foram analisados pela Defensoria Pública da União (DPU) e também pela Defensoria Pública da Bahia (DP-BA). Pedra do Cavalo, que fica no leito do Rio Paraguaçu, é gerida pela Votorantim Energia. Os documentos foram emitidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio – Ministério do Meio Ambiente), entre 2014 e 2016.
De acordo com os pareceres técnicos, a construção da Barragem de Pedra do Cavalo, em 1986, e o aproveitamento energético com a usina hidrelétrica, a partir de 2005, modificaram totalmente o regime hidrológico do Rio Paraguaçu, o que causou impactos socioambientais nas áreas da Reserva Extrativista Marinha Baía de Iguape, criada em 2000, após novas políticas ambientais para a exploração autossustentável da região. Os estudos mostraram ainda que a opção da motorização da usina, com longos períodos de vazão nula e curtos períodos de vazão elevada, a geração de energia elétrica foi priorizada em detrimento da saúde dos ecossistemas.
O grupo que analisa os documentos é formado pelo defensor regional de Direitos Humanos da DPU na Bahia, Vladimir Correia, e pelos defensores públicos estaduais Maurício Moitinho, lotado em Feira de Santana, além das defensoras públicas estaduais Lívia Almeida e Eva Rodrigues, que atuam na capital, na área de Direitos Humanos.
De acordo com Vladimir Correia, os documentos mostram como principais problemasm, além de doenças como micose, a alteração da salinidade da água; a diminuição de espécies de peixes e mariscos; o desaparecimento de extensas faixas de manguezais; redução da capacidade de depuração de poluentes originários de afluentes urbanos, o que causa forte odor na água; assoreamento do rio, dificultando a navegação e piorando a situação econômica de famílias da região que tem a pesca como o único meio de sobrevivência.
Nos documentos, os técnicos do ICMBio disseram que a vazão de água na usina - em horários diversos e com volumes de água variados – leva a alterações repentinas, o que diminui a salinidade da água. Como a operação não acompanha o regime das marés, os organismos aquáticos não têm tempo de adaptação. Ainda de acordo com os pareceres técnicos do instituto, a operação da hidroelétrica deveria estar condicionada a uma série de ações, como elaboração de novo hidrograma para vazão ecológica, monitoramento dos impactos ambientais, adequação da planta e motorização da usina e a comunicação entre usina e comunidades tradicionais.
Na última semana, o grupo pediu que um teste de calha fosse adiado, pela falta de realização da consulta pública junto às comunidades locais e objetivou a proteger os interesses das comunidades remanescentes quilombolas e pesqueiras situadas na região. O teste está agendado para ser realizado no próximo dia 17 de agosto, de acordo com a informação do secretário de Infraestrutura Hídrica e Saneamento da Bahia, Leonardo Silva. As associações das comunidades ribeirinhas dizem que o procedimento vai inviabilizar a atividade pesqueira por tempo indeterminado o que vai levar a prejuízos materiais imediatos para milhares de famílias de pescadores, extrativistas e quilombolas que habitam na Reserva Extrativista Marinha do Iguape.
As defensorias também questionaram ao ICMBio informações a respeito da licença ambiental da usina hidrelétrica Pedra do Cavalo. As instituições querem informações sobre se o Grupo Votorantim atua sem a autorização e, caso atue, desde que período isso acontece. A barragem de Pedra do Cavalo é objeto de investigação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), depois de denúncias de atuação com licença de operação vencida pelo Grupo Votorantim. Por isso, e pela usina hidrelétrica da Barragem se encontrar em uma área de proteção ambiental, em 2016 o Ministério Público chegou a recomendar a interdição da usina.
Fonte: A Tarde

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