Foi confirmada a morte
do nono detento ferido durante a rebelião ocorrida no Conjunto Penal
de Feira de Santana no domingo (24). Deoclécio Aureliano Santos havia sido
transferido ainda na tarde de ontem ao Hospital Geral Clériston Andrade.
De acordo com o médico, José Carlos Pitangueira, a vítima chegou
bastante ferida à unidade médica. Em estado grave, Deoclécio chegou a ser
entubado. Por volta das 13h desta segunda-feira (25), ele foi submetido a
cirurgia, mas não resistiu e morreu por volta das 14h45.
Além de Deoclécio
Aureliano Santos, já foram identificadas outras quatro vítimas fatais da
rebelião. De acordo com o superintendente de Gestão Prisional da Secretaria de
Administração Penitenciária da Bahia (Seap), coronel Paulo César, as vítimas
são Jailson Lázaro Souza Ramos, Alisson Rodrigo Oliveira Bastos, Haroldo
de Souza Brito e José Sila da Silva Ribeiro.
Os corpos deles e das outras quatro vítimas mortas na unidade
prisional foram removidas do local no início da tarde desta
segunda-feira (25). Ainda de acordo com Paulo César, os outros mortos
serão identificados após a conferência dos detentos pelos agentes. No Hospital
Geral Clériston Andrade, ainda estão quatro feridos.
A rebelião começou por volta das 15h de domingo (24), deixou
nove pessoas mortas, quatro feridas, e teve fim na manhã desta
segunda-feira (25), por volta das 9h50 da manhã. Ao todo foram feitos 49
reféns, sendo 41 mulheres, um homem e sete crianças. Dois presos foram
decapitados durante o motim.
Investigações
A Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
irá acionar a Corte Interamericana de Direitos Humanos para investigar a
rebelião que terminou com nove detentos mortos e quatro feridos no
Presídio Regional de Feira de Santana, a cerca de 100 quilômetros de Salvador,
na tarde de domingo (24).
De acordo com informações do advogado baiano Luiz Coutinho,
vice-presidente da comissão nacional, a ideia é esclarecer se houve falha do
governo em relação aos presos."Temos indicativo de superlotação do
presídio, informações de que havia mistura de presos em regime provisório com
os em definitivo e outras violações de regras mínimas do sistema
penitenciário".
Ainda segundo Coutinho, cerca de 300 presos estavam no Pavilhão
10 no momento do motim; o espaço tem capacidade máxima de 150 internos. "A
ideia é fazer com que sejam cumpridos os direitos mínimos, como a
individualização da pena e fim da mistura dos presos", comentou.
A comissão também irá
apurar com o governo e a administração do presídio por qual razão as armas
utilizadas no confronto entraram na unidade. "Não temos juízo
pré-concebido, temos o juízo da apuração", concluiu.
Luiz Coutinho, que também é membro do Conselho Penitenciário da Bahia,
informou ainda que na tarde desta terça-feira (26), a Comissão Nacional de
Direitos Humanos irá fazer uma visita ao presídio.
Fonte: Correio