Lideranças da Assembleia Legislativa ouvidas pelo Política Livre
consideram gravíssima as denúncias do Ministério Público da Bahia contra o deputado
Binho Galinha (Patriota), acusado de integrar uma milícia em Feira de Santana e
de envolvimento em diversos crimes. Para os parlamentares, a cassação é
inevitável.
Embora não tenha sido preso, Binho Galinha foi alvo de mandatos de
busca e apreensão em endereços particulares em operação deflagrada na manhã de
hoje pela Polícia Federal. Não houve presença de policiais no gabinete dele na
Assembleia, que está fechado. A ação policial resultou no bloqueio de R$200
milhões em bens dos envolvidos, inclusive do parlamentar.
Entre os presos estão a esposa e o filho do deputado, que integra
a base do governo Jerônimo Rodrigues (PT) e vinha negociação o ingresso no
Avante.
“Não vejo outro caminho que não a cassação. Acredito que logo vai
surgir um pedido por parte de algum deputado nesse sentido, o que vai exigir a
instalação e o funcionamento do Conselho de Ética da Assembleia”, disse um
parlamentar ouvido pelo site, que optou por não falar abertamente.
O suplente de Binho Galinha é o ex-deputado Josapa Marinho, que
não conseguiu se reeleger em 2022. Ele também foi coordenador do Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) na Bahia e do Escritório de
Aquicultura e Pesca no Estado, vinculado à Secretaria Geral da Presidência da
República (2016-2018).
“Tem muito dinheiro envolvido. São R$200 milhões. Se estiver
comprovada essa ligação do deputado com esse esquema de lavagem de
dinheiro, jogo do bicho, não há outro caminho que não seja a cassação”, afirmou outro
parlamentar.
Nas eleições de 2022, quando foi eleito pela primeira vez para a
Assembleia, Binho Galinha declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$316,4
mil, incluindo R$21,4 mil em conta bancária, R$10 mil em espécie, R$155 mil correspondentes
a um terreno em Feira de Santana e R$130 mil de um posto de gasolina no
distrito de Maria Quitéria, no mesmo município.
Ao longo das apurações, a Receita Federal apontou, entre os
investigados, inconsistências fiscais, movimentação financeira incompatível,
propriedade de bens móveis e imóveis não declarados e indícios de lavagem de
dinheiro.
Binho Galinha é natural de Milagres, mas construiu carreira
empresarial e política em Feira de Santana, onde chegou a ser preso em 2011. Na
ocasião, foi acusado de integrar uma quadrilha responsável por roubos de
automóveis e caminhões e detido portando uma pistola. Após três dias, foi
liberado pela Polícia Civil e respondeu inquérito em liberdade, mas não houve
um processo judicial.
O deputado é sócio da Tend Tudo desde 2006, um ferro velho que
vende peças e acessórios para veículos automotores na cidade. Foi inclusive do
lado de fora de sua empresa que Binho Galinha se cacificou para a política.
Durante a pandemia, ele começou a entregar quentinhas para pessoas vulneráveis,
até que começou a chamar atenção dos caciques locais e recebeu um convite para
concorrer pelo Patriota, que doou R$100 mil para a campanha.
Durante
o pleito, explicou que o apelido “Binho Galinha” surgiu logo após sua mudança
para Feira de Santana. Quando chegou na cidade, trabalhou como entregador de um
abatedouro de galinhas. Na Assembleia, onde já chegou com a “fama” de ser
ligado ao jogo do bicho, apresentou três projetos de lei: para que mulheres
possam pagar meia-entrada em jogos de futebol, para que um programa estadual de tratamento e reciclagem de óleos seja instituído e
para que uma associação beneficente fosse reconhecida como utilidade pública.
Fonte: Política Livre