Como de há muito a Feira de Santana
perdeu o Feira Tênis Clube, vale a pena lembrar o quanto o “aristocrático” a
partir de sua criação, foi importante para a vida esportiva, social, artística
e cultural desta cidade de todos os nossos dias.
Foi na manhã de sexta-feira 8 de
dezembro de 1944, que pessoas destacadas da cidade se reuniram no salão nobre
da Montepio dos Artistas Feirenses e fundaram a nova instituição inicialmente
denominada “Feira de Santana Tênis Clube”.
Presente à reunião Áureo Filho
sugeriu e a assembléia aprovou que fosse abreviado para Feira Tênis
Clube. A entidade surgiu para desenvolver os jogos de salão, os exercícios
atléticos, os desportos amadoristas, especialmente a prática do tênis, além de
organizar reuniões artísticas, culturais, sociais e mais a criação de uma
biblioteca.
A muitas personalidades se deve o
surgimento do FTC. Três, entretanto, foram os responsáveis maiores pela
iniciativa: Ideval José Alves, Newton da Costa Falcão e Antonio Matos.
Ideval cuidava da parte financeira.
Bem sucedido não pensava duas vezes para financiar o andamento do
empreendimento.
Newton se encarregava de formar o
quadro social. Bem relacionado, buscava sócios até na capital do Estado.
Tide, como era conhecido Antonio
Matos, acompanhava a construção. Empolgado, se transformava ora em mestre de
obra, ora em engenheiro.
O terreno foi doado pelo prefeito
Eduardo Motta, inclusive sugerindo a área atual onde funcionava o campo do gado
e que estava sendo desativado do local.
Os primeiros sócios remidos foram
oficializados em janeiro de 1945 e em 1946 foi fechado o quadro de 50 sócios
cada um contribuindo com um mil cruzeiros.
Também em 1946 a prefeitura concedeu
50 mil cruzeiros para ajudar na construção da sede própria.
Para tanto o prefeito Carlos
Valadares baixou o Decreto Lei 159, também assinado por Edelvito Campelo, que
respondia pelo gabinete.
No mês de março, já em 1947, foram
admitidos os primeiros sócios efetivos pagando 200 cruzeiros de jóias.
No mês seguinte aconteceu afinal a
abertura dos salões sem que houvesse ato oficial. A data, 12 de abril, mês da
micareta, na verdade marcava o inicio dos bailes momescos no clube.
Além de Tide Matos, Newton Falcão e
Ideval Alves, citados acima, muitos outros passaram pela presidência, todos
como amor e dedicação.
Hermínio Santos, Dazio Brasileiro,
Gilberto Meneses, Manoel Contreras, Enádio Morais, Milton Falcão de Carvalho,
Osvaldo Torres, Antonio da Costa Falcão, Wagner Mascarenhas, Péricles
Valadares, Edward Assis, Paulo Cordeiro, Wilson Pereira, Adessil Guimarães,
Dazio Brasileiro Filho, João Marinho Gomes Junior, Mario Sergio Pinto Ferreira,
Ricardo Martins, Fernando Rebouças, Djalma Pereira, Eduardo Teles, Raimundo
Mendes, Kennedy Cupertino, Coriolano Cerqueira e tantos outros.
Tamanha a importância do FTC que
graças a ele a cidade viu surgir o Clube de Campo Cajueiro. Nos anos 60, numa
das aguerridas disputas pela presidência, o grupo derrotado se rebelou e
decidiu construir outro clube, nascendo então o CCC.
Ao longo dos anos o FTC foi peça
importante na vida social, esportiva, cultural e artística desta cidade.
Graças ao Tênis, com suas quadras,
seu ginásio de esportes e seu parque aquático, a juventude feirense ganhou
espaços para desenvolver diversas modalidades esportivas.
A prática desses esportes fez surgir
os famosos Jogos Abertos do Interior, aqui reunindo anualmente, sempre no final
de outubro e começo de novembro, delegações de várias cidades baianas.
Foi a partir do Tênis que a
sociedade viu surgir eventos marcantes como Uma Noite no Hawaí, Broto do Ano,
Festa das Debutantes, sem falar dos famosos bailes micaretescos, inesquecíveis
festas juninas e o tradicional Reveillon.
Sempre disputado e sem prejuízos para
o quadro social, nos seus salões aconteceram bailes de formatura, concursos de
beleza, convenções comerciais, encontros políticos, palestras e assembléias de
entidades diversas.
Graças ao Tênis, nos seus salões para
boates e no ginásio de esportes para desfile de atrações, a Feira de Santana
conheceu grandes astros e conjuntos da MPB desde o rei Roberto Carlos e a
rainha Rita Lee. Desde o Paralamas do Sucesso ao Cassino de Servilla
Lembrar o “aristocrático”, como se
dizia naquele tempo de glória, é lembrar seus salões forrados com confetes e
serpentinas tomados pelos sócios exibindo a mortalha azul e branca do
“Bloco FTC”, e cantando ao som da bandinha do Maestro Miro:
Este ano vou brincar a
micareta,
No Feira Tênis Clube
É o clube mais querido da cidade...
Em cores e amizade...
Fonte: Secom/Por Adilson Simas