Um padeiro que mora em Amargosa, cidade que foi alvo de
ataques após morte de uma criança de 1 ano, disse ao G1 que invadiu a casa da vítima porque
foi alvo de tiros de dois policiais. A família da menina confirma que, antes da
morte, uma pessoa entrou em casa, mas não sabe informar quem é.
Wellington de Jesus Trindade esteve no
Fórum na manhã desta quinta-feira (17) e participou do protesto que pediu
justiça por causa da morte do bebê. Ele estava na frente da residência da
menina quando foi abordado por dois policiais, relatou.
"Dois policiais chegaram em um carro preto e eu
estava conversando com mais dois amigos na frente da casa, quando um deles
abriu a porta [do carro] e atirou contra mim. Aí eu me abaixei e o tiro acertou
a parede. Corri para dentro de casa, porque não ia ficar do lado de fora para
morrer. Foi então que eles atiraram mais duas vezes e um dos tiros acertou a
cabeça da criança. Eu estava no quintal nessa hora e vi que o pai da menina
abraçou ela e pediu para que socorresse a menina. Aí eles foram embora",
descreveu.
Wellington
de Jesus afirma que trabalha em uma padaria e não tem relação com crime.
"Vim cobrar meus direitos. Quero justiça. Sou um rapaz trabalhador. Não
faço ideia porque eles queriam atirar em mim", diz ele, que informou que
irá pedir indenização ao Estado por causa do ocorrido.
Protesto
Um grupo de
moradores se reuniu em frente ao Fórum da cidade em protesto por causa da
criança na noite de quarta-feira (16). Segundo a moradora Consuelo Santana, a
população está revoltada e pede providências.
Os ataques destruíram a delegacia da cidade. Carros,
motos e ônibus foram incendiados pela população. Durante a ação, 49 veículos
foram destruídos..
Para Andressa Santana, que também
participa da manifestação, o objetivo é chamar a atenção das autoridades para o
caso. Entre os cartazes exibidos pelos moradores, estão exibidas frases: “pai
pede justiça”, “precisamos de proteção e não de polícia assassina”, “população
revoltada”, entre outros. Três viaturas fazem o monitoramento da manifestação.
De acordo com o coronel Aldemário Xavier, cerca de 100
policiais militares estão na cidade para reforçar a segurança. Ele confirmou
que os ataques foram promovidos pela população.
Xavier relatou a dificuldade de
identificar os suspeitos de praticar a ação porque muitos estavam encapuzados.
O secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, está na cidade
para avaliar a situação.
Aulas suspensas
De acordo com a prefeitura da cidade, as aulas foram suspensas por questões de
segurança na manhã desta quinta-feira (17). Serviços essenciais, como aqueles relacionados à saúde, estão mantidos. No prédio da administração
municipal, o trabalho é realizado internamente.
Conflito
De acordo com o delegado titular da 4ª Coordenadoria de Polícia do Interior
(Coorpin/ Santo Antônio de Jesus), Paulo Roberto Guimarães, o conflito começou
quando dois policiais iniciaram uma perseguição a um assaltante de motos, que teria
ligação com o tráfico de drogas, na noite de quarta-feira (16).
Durante a perseguição, o suposto criminoso
invadiu a casa de uma família e, na tentativa de atingir o suspeito, um dos
agentes acertou um tiro em uma criança, que acabou morrendo no local. Segundo a
Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), a suspeita é que o tiro
tenha partido da arma de um policial civil.
Ainda de acordo com o delegado, o policial responsável
pelo disparo não foi localizado em Amargosa, mas já foi encontrado em Salvador
pela Corregedoria da Polícia Civil, que solicitou que ele compareça à sede do
órgão, no bairro Garibaldi.
Em nota divulgada na manhã desta
quinta-feira, a SSP disse que 36 policiais, entre delegados e investigadores,
foram deslocados imediatamente para a região, além de equipes da Polícia
Militar e do Batalhão de Choque.
Segundo o órgão, por determinação da
Corregedoria, "a arma do policial civil que participava da operação e de
quem teria partido o projétil que atingiu a criança foi apreendida e será
encaminhada para perícia no Departamento de Polícia Técnica (DPT)".
Fonte: G 1
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