Passados quase 60 anos, o solista Dinho ainda
não sabe descrever a emoção daquela tarde de Micareta, quando entrou na
Conselheiro Franco tocando antigas marchinhas carnavalescas. Ele e os
companheiros eram as estrelas do Patury, o segundo trio elétrico da Bahia – o
primeiro foi o de Dodô e Osmar.
“Foi
muito bonito ver a multidão dançando atrás da gente. Senti uma alegria muito
grande”, comenta o músico, um dos homenageados com o Troféu Oscar Folia 2019.
Dinho passou uma década no Patury, outros cinco anos no Marabá, de Conceição do
Coité, mais 13 anos no Tapajós, que define como sonho de todos os músicos.
Os
instrumentos foram feitos por seu Maninho, como era conhecido o artesão José
Urbano Cerqueira. “Ele, Osmar e Dodô eram muito amigos. Um frequentava a casa
do outro. Acredito que Maninho se inspirou nele para fazer a guitarra baiana”.
O trio foi montado no caminhão cedido por Péricles Soledade.
Naquela
época, o trio era instrumental e a estrela do caminhão da alegria era o
guitarrista. “O cantor era eu e a minha guitarra”, diverte-se. Lembra que além
de Feira, se apresentou em carnavais de Serrinha e Ilhéus, e micaretas –
Alagoinhas e São Sebastião do Passe, realizadas em cidades do interior da
Bahia.
Foi
contratado para o Tapajós como segundo guitarrista. A primeira opção era Roberto.
“Mas de vez em quando ele bebia um pouco mais e não tinha condições de tocar. A
festa acabava quando ele ficava bêbado. Naquele tempo os músicos bebiam muito”.
Dinho não bebia.
Dinho
tocou até meados da década de 70. Aos 77 anos, diz que o trio mais bonito que
conheceu foi o Tapajós, que considera um céu aberto. É um dos poucos – se não o
único - músicos vivos da época de ouro do trio feirense. Patury era uma
aguardente envazada em Feira de Santana.
Fonte: Secom/Foto/Washington Nery
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