sexta-feira, 10 de maio de 2019

Dia das Mães: Amo minha profissão, diz única mulher que trabalha na Praça dos Sapateiros


Há dez anos, Daiane Graziela Santana descobriu a profissão com a qual se identificava: sapateira. Antes, fora empregada doméstica. Trocou aventais e panelas pela cola, agulhas e linhas. É a única mulher entre mais de 40 homens na Praça do Sapateiro, no Centro de Feira de Santana.
Sem meias-palavras diz o que pensa: “Amo ser sapateira. Já está sangue. Minha avó também foi”. Mãe de três filhos pequenos, afirma não temer possível discriminação tampouco o terceiro turno de trabalho, na casa dela.
Diz que a relação com os colegas é cordial. “Aqui não existe concorrência. Eles até arrumam sapato para eu consertar e me orientaram quando estava começando”. Enquanto conversa vai costurando o solado de um tênis, com o cuidado para deixar o sulco, onde a linha passa, com a profundidade ideal.
“Não pode deixar raso porque quando a pessoa for caminhar, a linha corta, estraga”, explica, enquanto maneja com habilidade uma faquinha amolada. Lembra que foi iniciada na atividade pelo tio, Érico, um dos mais antigos do local.
Afirma que a liberdade de horário a agrada. “Da para a gente chegar mais tarde. Se trabalhasse com carteira assinada não chegaria”. Outro ponto importante para ela é a remuneração. “A gente divide meio a meio o que faturo. Com a vantagem de que não compro a matéria-prima”.
Foi convidada por Érico Sapateiro para ser costureira na tenda dele. Ou melhor: consertar bolsas. “Fui observando os meninos e aprendi. Logo estava fazendo o que os colegas faziam”. Diz que é expert em consertar bolas de futebol.
Com o tempo e habilidade driblou a desconfiança dos homens com relação ao seu serviço. “Viram que a mulher é bem mais caprichosa. Hoje gosto mais de consertar sapatos e tênis do que bolsa. Me identifiquei com o serviço”.  
Comenta que não é tão simples consertar um sapato. E que gosta de trabalhar na praça. O contato com as pessoas a agrada. Gosta da interação. É dona de seis máquinas de costura industriais. “Não me identifico com elas”. O conserto no tênis ficou perfeito.
Fonte: SECOM/Foto/Washington Nery

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