Em uma postagem "misteriosa" em sua conta do Instagram, no último fim de semana, o empresário Elias Tergilene insinuou ter sido enganado no negócio que envolve o Shopping Popular, equipamento que tem permissão do governo municipal para exploração por 30 anos.
O polêmico empresário, alvo da revolta dos camelôs que têm box no
empreendimento, postou o seguinte: "Cordel do Cidade das Compras. A
verdadeira história daquele grande Shopping contada em versos e prosas".
Ao lado da foto dos permissionários, ainda quando tinham barracas
na rua Sales Barbosa, ele escreveu: "O camelô"; ao lado da
ilustração com seu rosto e de José Ronaldo, ele escreveu: "Caiu no
conto do Vigário".
O conto do vigário, no jargão policial, é uma referência
à pessoa que foi enganada por alguém, caiu em um golpe. Não está claro
quem é o "Vigário" na postagem de Tergilene. Como o empresário está
envolvido em alguns processos em cidades onde põe sua mão de "Rei
Midas" - que, segundo a mitologia, transformava em tudo que tocava em ouro
-, talvez ele esteja se referindo à situação dramática dos camelôs, hoje
massacrados por taxas distantes da realidade financeira da grande maioria de
quem está instalado no Shopping Popular.
O mais intrigante na postagem é a utilização da ilustração de José
Ronaldo no card postado por Tergilene em sua rede social. A leitura que se faz
é que ele, "como empresário ingênuo que é", se sente enganado.
O cordel faz parte da cultura nordentina. Em Feira de
Santana, por exemplo, pode ser encontrado no Mercado de Arte Popular, com o
guerreiro Jurivaldo Alvez. Boa parte das obras traz enredos fictícios. Porém,
no caso dos camelôs, até mesmo já ironizados pelo empresário, o Cordel, se
existisse, deveria retratar uma triste realidade.
E, para encerrar esta matéria, uma humilde rima de Cordel: "O
camelô saiu do centro e disso nada gostou; foi jogado num mausoléu, e a venda
desabou; vive pedindo socorro, mas apoio ainda não encontrou; achou ironia e
desprezo de quem deveria dar amor".
Fonte: O Protagranista
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