No seu disputado livro A Feira na Década de
30, o decano historiador Antônio do Lajedinho relembra seu ingresso na Escola
Normal em 1939. Com o título “Uma Mulher Especial” ele lembra seus colegas,
entre eles Analdina, filha de Leolindo Silva (Lili) e Dona Maria Silva (Maria
de Lili). Vale a pena lembrar (Adilson Simas):
-
Em 1939, depois de passar pelas escolas particulares de D. Neném, Professora
Edith M. Boaventura, Margarida Brito e Emengarda Oliveira, submeti-me ao exame
de suficiência e fui aprovado para ingressar na Escola Normal Rural de Feira de
Santana.
Dos
colegas de turma recordo-me Boanergens Santos, Divaldo Franco, Valdir Pomponet,
Eurico Pinto, Antônio Pereira, Aloísio Cerqueira, Wagner Mascarenhas, Elza
Macedo, Cibele Almeida, Maria Éster Portugal, Niá Guimarães, Dalva e Abgail
Moreira, Percília Dórea, Tereza, Ivete, Margarida, Faraildes, Aidil, Carmosina
e mais outras quarenta colegas, além de outros já em fase de professorandos
como Arlindo Pitombo, Antônio Barreto, Itan Guimarães, etc.
Naquele
ano entre os colegas de turma estava Analdina, a mulher que nasceu na década de
20 com o espírito de mulher do ano 2.000. Filha de Leolindo Silva (Lili) e Dona
Maria Silva (Maria de Lili), irmã dos meus amigos Osvaldo e Evilásio, família
de classe média alta, Analdita agia como age hoje uma universitária: mantinha
amizade com colegas de ambos os sexos, discutia assuntos políticos, montava a
cavalo com calça de homem e era espirituosa e criativa.
Uma
vez, durante uma prova de língua francesa, o professor, Padre Mário Pessoa,
flagrou Analdina com uma pesca enrolada na meia que vinha acima do joelho. Com
sua voz macia, porem firme o Padre Mário pediu – D. Analdina, devolva-me a
pesca que está em sua meia. Mas Analdina contestou – Não há pesca nenhuma em minha
meia e se o senhor acha que tem pode vir tira-la.
Embora
todos sorrissem do desafio, o Padre Mário aproximou-se, mentalizou a
localização da pesca, virou o rosto, levantou um pouquinho a ponta da saia e
pegou a pesca na dobra da meia. Enquanto todos voltavam a sorrir o Padre Mário
mostrava a pesca como sinal do dever cumprido. Era um bonachão e deixou-a
prosseguir na prova.
Analdina
deixou a Escola Normal no ano seguinte e em Salvador adquiriu um Taxi, sendo
talvez a primeira taxista na Capital. Depois encontrei com Analdina em Salvador
dirigindo um ônibus, que certamente também lhe conferiu a posição de primeira
motorista de coletivo.
Analdina
era muito brincalhona e estava constantemente se metendo em encrencas, o que
levava seu pai a castiga-la, principalmente cortando-lhe a mesada.
Mas um dia, segundo me contou seu irmão Osvaldo, Analdina acordou cedo e foi à cozinha e, por acaso, flagrou seu pai beijando a empregada.
Mas um dia, segundo me contou seu irmão Osvaldo, Analdina acordou cedo e foi à cozinha e, por acaso, flagrou seu pai beijando a empregada.
Fonte: SECOM
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