Texto lido por este cronista em 21 de
abril de 2007, dentro do programa Primeira Página, da Rádio Povo, então
comandado por Valdomiro Silva. (Adilson Simas)
Parece saudosismo, mas quem se
dedicar à leitura de antigos jornais, revistas e outras publicações locais, vai
concluir que mesmo com o advento do trio elétrico e tantos outros elementos, a
micareta de Feira já não exibe a mesma animação de tempos passados.
A falta de animação, é bom frisar,
não é um fato que ocorre nos dias atuais nem de poucos anos atrás.
Há mais de cinco décadas, em 1966, por exemplo, logo após a realização de mais
uma micareta, o jornal “Folha do Norte” já dizia que “a cada ano que passa, a
animação de rua vai desaparecendo”.
Também naquele ano o jornalista
Franklin Machado, em artigo com o titulo “Velhos Tempos” dizia
textualmente: “O fato é que no meu tempo de menino víamos batucadas, cordões,
ranchos, blocos e fantasiados desfilando pelas ruas fazendo todo mundo
rir com seus trajes em cartazes cômicos.”.
Feitas essas observações, vamos
hoje lembrar de uma micareta mais distante, a de 1947, realizada nos dias 11,
12, 13 e 14 de abril, com grande animação nas ruas e nos clubes.
A cidade, como de resto o país, vivia
a transição entre a queda do Estado Novo, a instalação da Assembleia
Constituinte que come uma nova constituição que devolveu ao país o regime
democrático. Nesse período, até que fossem realizadas eleições gerais, vários
prefeitos assumiram como interventores os destinos da cidade..
Quando da realização da micareta de
1947, era prefeito o farmacêutico João Barbosa de Carvalho, que
substituiu Carlos Valadares que se afastou para ser candidato a deputado
estadual. Homem bondoso, dono da antiga Farmácia Agrário, João Barbosa era tido
como médico pela classe pobre da cidade. Morreu no exercício do cargo e foi
substituído por mais um prefeito tampão, o advogado Edelvito Campello, mas esse
é outro assunto, pois hoje estamos tratando de micareta.
Naquele ano Feira ainda era uma
cidade pequena basicamente com quatro grandes ruas no centro, alguns
becos que ficariam famosos e cerca de meia dúzia de subúrbios com poucas casas.
Entre eles, Tomba e Sobradinho. Tanto assim que segundo os números
oficiais do IBGE, nos anos 40 todo o município de Feira de Santana tinha
apenas 83.268 habitantes, sendo 63.608 na zona rural e sòmente 19
mil e 660 pessoas residindo na sede do município.
Sobre a micareta, os jornais da época
destacam que além dos três clubes tradicionais - 25 de Março, Vitória
e Euterpe Feirense, que ainda funcionava no prédio da antiga Prefeitura,
em frente a Igreja Senhor dos Passos, também houve festa no caçula Feira Tênis
Clube, que tinha três anos de fundado.
O Tênis realizou quatro bailes
cobrando do não associado 50 cruzeiros por noite e 150 cruzeiros pelas quatro
noites. Vale ressaltar que para melhorar a sede em razão da festa
momesca, o diretor Newton Falcão conseguiu da Fábrica de Tintas Renner a doação
de 72 galões de tintas Reko, para que fosse feita a pintura do clube.
Também foi grande a animação nas
ruas. O jornal “Folha do Norte” que circulou depois da micareta, disse em
matéria de primeira página:
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