Ao iniciar o tratamento no Centro Especializado de Saúde, a pessoa com HIV/AIDS pode esperar até oito meses para a primeira consulta médica. Esse é apenas um dos muitos problemas enfrentados na unidade, que inclui desde a estrutura física inadequada à falta de acolhimento ao paciente. A situação foi denunciada na Tribuna Livre da Câmara Municipal, na manhã desta quarta-feira (5), por Josefa Farias dos Anjos, presidente da Associação de Familiares, Amigos e Pessoas com Aids.
Josefa conhece de perto as dificuldades
das pessoas com HIV, já que ela própria contraiu o vírus. “Somos cercados de
preconceito e precisamos de cuidado, por isso coloco o meu rosto e a minha voz
nessa luta”, disse a técnica de Enfermagem, que comanda a entidade criada há
oito anos. Ela pediu o apoio dos vereadores, citando que alguns deles já
acompanham o trabalho da Associação, inclusive destinando verbas para a
unidade, que é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde, localizada
na rua Geminiano Costa.
A falta de cuidado do governo municipal com
o tratamento das pessoas com HIV, de acordo com Josefa Farias, é traduzida pelo
tratamento dado aos profissionais de saúde. “Os médicos paralisaram o
atendimento durante 13 dias e os enfermeiros também”, disse, destacando que são
mais de 5 mil pessoas em tratamento. “É uma falta de respeito com quem cuida da
gente”, acrescentou, citando ainda a posição de invisibilidade dessas pessoas.
“Estamos escondidos”, frisou.
Na visão de Josefa Farias, de referência a
unidade de saúde não tem nada. “Paredes sujas, banheiros podres”, resumiu, ao
falar das condições do espaço.O trabalho da Associação não é apenas em defesa
de tratamento, mas sobretudo de amor e respeito. “Se conseguirmos pelo menos um
jovem não ser contaminado, já valeu a pena”, defendendo a importância de
publicizar esses problemas, “mostrar o que está acontecendo e não jogar para
debaixo do tapete”.
Lembrando que o prefeito Colbert Martins é
médico e jurou cuidar de vidas, a técnica em Enfermagem cobrou uma postura mais
comprometida com a situação e sinalizou preocupação com a Micareta, que
acontecerá ainda este mês, entre os dias 20 e 23. “Amor e respeito é a
base de tudo, da educação, da saúde, da vida”, defendeu. Ela contou com o apoio
de vários vereadores, dentre os quais a presidente da Casa, Eremita Mota
(PSDB), Jhonatas Monteiro (PSOL), Luiz da Feira (Avante), Galeguinho (PSB) e Lu
de Ronny (MDB).
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