O
atual cenário dos serviços prestados em saúde básica, pela Prefeitura de Feira
de Santana, esteve hoje em debate na Câmara Municipal, em uma Audiência Pública
proposta pelo vereador Sílvio Dias (PT). Presidente da Comissão Permanente de
Saúde do Poder Legislativo, ele dirigiu os trabalhos. Participaram do encontro,
entre outras personalidades, a diretora do Sindicato dos Enfermeiros do Estado
da Bahia, Cristiane Gusmão; professor João Rocha, odontólogo e estudioso dos
problemas sociais no Município; Professor Adroaldo Santos, integrante do
Conselho Municipal de Saúde; Mariana Costa, representante do Fórum
Popular de Saúde; diretora de comunicação do SindSaúde, Dart Cleart; a diretora
do Hospital Geral Clériston Andrade, Cristiana França e Monique Seixas,
diretora da Policlínica Regional do Estado. O deputado federal Zé Neto
(PT), chegou próximo do final e também se pronunciou.
Representante do Fórum Popular de Saúde, Mariana
Costa apresentou dados considerados por ela preocupantes em Feira de Santana,
terceira pior classificação em sua região, formada por 28 municípios, em
cobertura da Atenção Primária: apenas 70%. Cerca de 180 mil feirenses não
contam com esta assistência, enquanto 26% das equipes não possuem Agentes
Comunitários de Saúde. A saúde bucal, neste Município, é
"vergonhosa", segundo ela, beneficiando a apenas 24% da comunidade
necessitada. Entre as mulheres, somente 21% completam as seis consultas
pré-natais, o que pode gerar complicações no parto. Outro dado
"alarmante" é referente ao exame preventivo contra o câncer de colo
do útero: a cobertura atinge apenas 4% das mulheres e o resultado demora
em média quatro meses.
As doenças crônicas são outro gargalo na Atenção
Primária em Feira de Santana, de acordo com o levantamento apresentado. De
todas as pessoas cadastradas, 17% fizeram consulta e tiveram a pressão medida
no último semestre de 2022, enquanto 16% realizaram exame de controle do açúcar
no sangue. Os baixos índices acarretam na elevação de riscos para a saúde de
milhares de indivíduos que não alcançam esses serviços (complicações
renais e cardiovasculares, perda da visão, entre outros). É baixa a cobertura
vacinal, atingindo a 66% da meta de 95%. "Faltam até
seringas", lamenta Mariana.
A diretora do Sindicato dos Enfermeiros do
Estado da Bahia, Cristiane Gusmão, falou dos problemas salariais enfrentados
por servidores da saúde na Prefeitura: "nenhum trabalhador quer
ficar, todo dia, tomando sol na frente da Prefeitura e brigando por um direito
que é seu". A enfermeira cobrou a construção do hospital municipal,
promessa de campanha do prefeito Colbert Martins Filho. Na época, ele disse que
a unidade hospitalar seria construída até 2024, contudo, em 2023 "não há
nenhuma notícia a respeito do início da construção".
O professor João Rocha defendeu que
"ninguém conhece melhor a cidade do que um agente comunitário de
saúde", ao reivindicar a valorização destes profissionais, posição
reforçada pelo deputado federal Zé Neto, para quem eles são a "porta
de entrada para que sejam iniciados os cuidados com a saúde". A diretora
do SindSaúde, Dart Cleart,
trabalha há 20 anos como técnica de enfermagem, observou que existem
várias denúncias, constantemente divulgadas pela imprensa, referentes ao
"momento caótico que a população feirense está vivendo",
principalmente no que se refere à terceirização de mão-de-obra.
Para a diretora do
Hospital Geral Clériston Andrade, Cristiana França, esta unidade é
sobrecarregada pelas falhas do Município na prestação dos serviços básicos de
saúde. "O HGCA deve atender aos casos graves", afirma. O vereador
Silvio Dias fechou o debate afirmando que o Governo Municipal é o "grande
responsável" pelo quadro da saúde básica em Feira de Santana, na medida em
que não organiza a sua assistência e investe mal os recursos. "São 600
milhões de reais por ano, média de 50 milhões por mês, muito mal empregados,
essa é a realidade".
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