O somatório de forças com a parceria entre a
Prefeitura Municipal de Feira de Santana, através do Hospital Inácia Pinto dos
Santos (HIPS) - o Hospital da Mulher - e o Hospital Otorrinos/Multiclin,
unidade feirense credenciada ao SUS, salvou a vida da recém-nascida A.S.G. Ela
completou cinco meses de vida e por todo esse tempo esteve internada onde
nasceu, no Hospital da Mulher, a espera de uma cirurgia para corrigir um
problema raro de saúde: a obstrução nasal por formação de um septo ósseo e/ou
membranoso, que impede a comunicação entre a cavidade nasal posterior e a
nasofaringe.
Malformação
congênita, a ‘atresia de coanas’ em A.S.G foi descoberta após o Hospital da
Mulher encaminha-la para exames no hospital especializado Otorrinos. A família
da bebê aguardou pela regulação, junto ao Governo do Estado, para que fosse
transferida e operada.
Depois
de uma longa espera, quase dois meses, um contato com o
diretor-presidente da unidade hospitalar e especialista em Rinologia e Cirurgia
Plástica da Face, Washington Almeida, viabilizou a solução. Ele se interessou
pelo tratamento, em razão de sua raridade. Seria um futuro “caso de
estudo”, para os médicos.
Convidou
o seu colega Antônio Carlos Cedin, otorrinolaringologista da Beneficência
Portuguesa de São Paulo, e juntos fizeram o procedimento para correção no
centro cirúrgico do próprio Hospital Otorrinos, com apoio da equipe técnica do
Hospital da Mulher.
A
cirurgia por videoendoscopia transnasal foi um sucesso e o recém-nascido
apresentava boa condição pré-operatório, “apesar de estar abaixo do peso em
decorrência da dificuldade para se alimentar”, analisa Cedin.
Tecido do interior do nariz usado para facilitar cicatrização
A cirurgia ocorreu por meio de método
reconhecido internacionalmente e desenvolvido pelo renomado especialista
Antônio Carlos Cedin (foto), que usa tecido do interior do nariz do próprio
paciente para facilitar a cicatrização e reduz a necessidade de uma nova
cirurgia de 30% para 9%.
O
procedimento inovador, com publicação na revista da Academia Americana de
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, consiste no aproveitamento
e modelagem de retalhos do tecido que reveste as mucosas das cavidades nasais,
proporcionando rápida cicatrização.
“É
a forma mais prática que passamos a utilizar confeccionando os retalhos, por
acesso transnasal e videoendoscopia, usando os tecidos nasais e fixando-os com cola
biológica de fibrina. Eliminamos a necessidade de utilização do uso de moldes
pós-operatórios e, desta forma, diminui complicações infecciosas e
traumáticas”, explica o especialista.
De
acordo com o médico de São Paulo, o tempo de internação também é mais curto, e
a permanência do paciente em ambiente hospitalar diminui de uma semana para um
ou dois dias.
Os sintomas da atresia coanal congênita
A atresia
coanal congênita acomete um em cada 8 mil nascidos vivos e coloca em risco a
vida do paciente. Entre os sintomas, apresenta-se a insuficiência respiratória
e a cianose intermitente (coloração azul-arroxeada da pele, embaixo das unhas
ou nas mucosas devido à má oxigenação do sangue arterial) exacerbada pelo
choro. Segundo o doutor Washington Almeida (foto), diretor-presidente do
Hospital Otorrinos, unidade onde ocorreu o procedimento, e especialista em Rinologia e
Cirurgia Plástica da Face, o tratamento cirúrgico imediato ainda é a
única opção terapêutica.
“Sonhei com este dia”, diz mãe da bebê
Aliviada e com sorriso largo no rosto,
Vitória Manuela Galdino de Lima (foto), mãe da recém-nascida, afirma que
esperou com muita fé por este momento. “Era doloroso vê-la sofrer. Eu sonhei
com esse dia de hoje. Não tenho palavras para agradecer a cada um que olhou por
minha filha”, diz ela, reconhecendo o esforço de todos, especialmente do
Hospital da Mulher, que teve papel decisivo para a viabilização da cirurgia.
Agora, ela intensifica os cuidados à criança em sua residência, ao lado dos
familiares.
Recuperação em UTI Neonatal
A recuperação da bêbê, pós-cirurgia, foi em
um dos leitos da UTI Neonatal do Hospital Inácia Pinto dos Santos (Hospital da
Mulher). “Deslocamos a paciente com a acompanhante [mãe] em ambulância do
hospital e, logo após a cirurgia, trouxemos a paciente para se recuperar
cuidadosamente na nossa UTI”, relata a diretora-presidente da Fundação
Hospitalar de Feira de Santana (FHFS), Gilberte Lucas (foto). Três dias depois
a criança já teve alta.
Todos
os exames necessários para a cirurgia foram realizados no próprio Hospital da
Mulher. “O governo do prefeito Colbert Martins Filho deu todo o apoio e nos
empenhamos para conseguir este excelente resultado”.
Custo seria “muito alto” caso cirurgia fosse em SP
Para a diretora do Hospital Inácia Pinto dos
Santos (Hospital da Mulher), Charline Portugal, a parceria reafirma o
compromisso com a saúde, por parte da gestão municipal. “Essa é nossa
responsabilidade, enquanto instituição pública: buscar todos os meios para bem
atender a comunidade. Nossa equipe não mediu esforços para buscar parceiros e
proporcionar à família um procedimento cirúrgico com custo muito alto se fosse
realizado em São Paulo”.
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