O
mestre de capoeira e compositor Romualdo Rosário da Costa, 63 anos, conhecido
como Moa do Katendê, foi morto a facadas na noite deste domingo, 7, após uma
discussão política no Bar do João, na comunidade do Dique Pequeno, no Engenho
Velho de Brotas, em Salvador.
Segundo
informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o autor do
crime, Paulo Sérgio Ferreira de Santana, 36 anos, não concordou com a posição
política de Moa, contrária ao candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), e
desferiu 12 facadas na vítima.
O suspeito foi
preso e confessou o crime à polícia. Segundo a SSP-BA, ele teria se aproximado
do grupo em que Moa estava e afirmado que era eleitor de Bolsonaro. Ao receber
como resposta que o grupo votava no PT, o homem saiu do estabelecimento,
buscou uma arma branca em casa e retornou ao bar.
À
delegada Milena Calmon, entrentanto, Paulo Sérgio negou que o crime tenha
sido motivado por política, e afirmou foi motivado por discussões relacionadas a
futebol. O irmão do artista, Germínio do Amor Divino Pereira, 51
anos, também foi esfaqueado no braço e encaminhado ao Hospital Geral do
Estado (HGE).
Amigos
e familiares de Moa denunciaram o assassinato nas redes sociais. "Mataram
a história, povo sem memória. Mestre Moa Do Katende, o senhor está vivo
dentro dos corações de quem esteve perto e conheceu sua trajetória na capoeira,
na mísica, e com a humanidade", escreveu uma internauta.
"Ainda me
lembro, eu ainda menino com 17 pra 18 anos em Salvador, quando eu e Ponciano
Poncianinho fomos recebidos por ele com toda sua energia e alegria na
associacao de capoeira angola no pelourinho-bahia. Deixo aqui meus pesares para
a família do Mestre Moa Do Katende e toda capoeiragem que hoje chora! Estou
triste e sem palavras para com o Brasil! precisamos de mudancas
urgentes!", registrou outro amigo do mestre.
Nascido em
Salvador, Moa do Katendê era um artista ligado às tradições afro-baianas.
Compositor, dançarino, capoeirista, ogã-percussionista, artesão e educador,
descobriu suas raízes aos oito anos de idade no “Ilê Axé Omin Bain”, terreiro
de sua tia e incentivadora.
Em 1977,
consagrou-se campeão do Festival da Canção Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do
Brasil, e em maio de 1978 fundou o “Afoxé “Badauê”, que desfilou pela primeira
vez no ano seguinte e se tornou campeão do carnaval na categoria de afoxé.
Em 1995 com a união de colegas e admiradores da cultura afro-brasileira, surge
o grupo de afoxé “Amigos de Katendê”.
Em 1995, com a união
de colegas e admiradores da cultura afro brasileira, surge o grupo de afoxé
“Amigos de Katendê”, que neste mesmo ano participou do carnaval em São Paulo na
Cohab José Bonifácio. Em 1996 o grupo viaja a Salvador reintegrando os componentes
do “Badauê” e outros afoxés e desfila no carnaval, estabelecendo assim um
intercâmbio entre Bahia e São Paulo. Atualmente, o mestre ministrava
oficinas de afoxé na Bahia, Sudeste e Sul do Brasil e na Europa e era o
coordenador geral do afoxé “Amigos de Katendê”.
Mestre Moa do
Katende falava sobre a “reafricanização” da juventude da Bahia e do processo
batizado por Antonio Risério de “reafricanização” do carnaval na Bahia, e
atribui este processo a própria dinâmica interna da vida baiana
Fonte:
A Tarde
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