O ministro da saúde Arthur Chioro afirmou, durante
entrevista coletiva à imprensa, em Salvador, na tarde desta quinta-feira (2),
que conceitualmente os 33 casos da
doença confirmados em Feira de Santana, na Bahia, já retratam uma
epidemia. "A gente vai poder ter uma dimensão exata de como o chinkungunya
vai se comportar no nosso país, infelizmente, só a partir do próximo ano,
quando a gente tiver um ano para comparar. É prematuro", argumentou.
Na capital baiana, Chioro afirmou que gostaria de
"compartilhar com a sociedade brasileira a responsabilidade de controle e
prevenção da chikungunya". As afirmações foram feitas durante a
reinauguração da Enfermaria de Obstetrícia da Maternidade Dulcinéia Moinho do
Hospital Geral Roberto Santos.
Ele ainda destacou que "não tem
condições de dizer se [no Brasil] não haverá mais casos da doença em outras
cidades, porque há a presença do Aedes [um dos mosquitos transmissores] e
pessoas circulando". A doença provoca sintomas parecidos com os da dengue,
porém mais dolorosos.
Arthur Chioro explicou durante a coletiva que, antes de
terem surgido casos autóctones [de pessoas que adquiriram a doença no país], o
Ministério já tinha identificado casos de brasileiros que haviam contraído a
doença em países como Haiti e República Dominicana. Para ele, pessoas
infectadas vieram para o Brasil e foram picadas por mosquitos que acabaram
transmitindo o vírus para outras pessoas no país.
"Os EUA tiveram. Cinquenta e cinco países tiveram
transmissão. É muito difícil fazer o controle. Nós sabíamos que mais cedo ou
mais tarde nós teríamos os primeiros casos, porque hoje há uma circulação
internacional muito grande. Então, era uma questão de tempo", falou o
ministro.
Ciente desta possibilidade, Chioro disse que há quatro
anos o ministério tem um plano de controle e prevenção. "Desde 2010,
nós temos um plano de contingência já estabelecido e que vem sendo colocado em
prática a partir da identificação dos primeiros casos autóctones aqui na Bahia
e no estado do Amapá. Isso significa o reforço muito importante do trabalho
feito pelas secretarias municipais, pelas secretarias estaduais com o
apoio do ministério da saúde, no sentido da identificação dos casos e dos
bloqueios que são realizados nos locais onde esses casos foram
identificados", detalhou.
33 casos confirmados em Feira de Santana
Por meio de exames laboratoriais, o Ministério da Saúde
confirmou, na última quarta-feira (1°), que até o dia 27 de setembro já havia
33 casos confirmados de chinkungunya em Feira de Santana, cidade a cerca de 100
Km de Salvador. Ainda segundo o
Ministério da Saúde, no mesmo período, já são 79 casos da doença no Brasil.
De acordo com a Secretaria de Saúde da
Bahia (Sesab), o bairro George Américo, em Feira de Santana, ainda é o que mais
registra casos de chinkungunya, com 56,77% das notificações do município.
A faixa etária mais atingida compreende os
adultos entre 20 a 49 anos.
Entenda o
vírus
A infecção pelo vírus chikungunya provoca sintomas parecidos com os da dengue,
porém mais dolorosos. No idioma africano makonde, o nome chikungunya significa
"aqueles que se dobram", em referência à postura que os pacientes
adotam diante das penosas dores articulares que a doença causa.
Em compensação, comparado com a dengue, o novo vírus
mata com menos frequência. Em idosos, quando a infecção é associada a outros
problemas de saúde, pode até contribuir como causa de morte, porém complicações
sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O vírus chikungunya pode ser transmitido pelo mesmo
vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, e também pelo mosquito Aedes
albopictus, e a infecção pelo chikungunya segue os mesmos padrões sazonais da
dengue, de acordo com o infectologista Pedro Tauil, do Comitê de Doenças
Emergentes da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). O risco aumenta em
épocas de calor e chuva, mais propícias à reprodução dos insetos. Eles picam
principalmente durante o dia. A principal diferença de transmissão em relação à
dengue é que o Aedes albopictus também pode ser encontrado em áreas rurais, não
apenas em cidades.
Fonte: G 1/Foto/Henrique Mendes
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