O economista e
Mestre em Desenvolvimento Regional e Urbano, Antônio Rosevaldo publicou na sua
coluna no Blog da Feira, nesta sexta-feira (29), que já tinha alertado na sua coluna
para o risco de retirar os camelôs e ambulantes do centro da cidade e levar
para o novo Shopping Popular, sabíamos dos perigos que cercavam a sobrevivência
daquelas famílias. Infelizmente os poderes nas três esferas fizeram ouvidos de
mercador para fazer um trocadilho infame com este momento perverso. Fora
algumas declarações de vereadores de oposição sobrou ofensa pra todo lado tanto
no Executivo como no Judiciário, ou alguém acha que foram esquecidas as
palavras elitistas de um membro do Ministério Público sobre a aparência da
cidade? Alguém esqueceu o silencio dos magistrados sobre o tema? Apenas a
preocupação aconteceu com a estética do centro da cidade. Num momento de
pandemia, recrudescimento do desemprego, a fuga naquele momento era ir as ruas
vender desde um aipim a um caldo de cana, um eletrônico de quinta categoria,
uma roupa, uma capa de celular, etc. Mas a maldade capitalista prevaleceu e lá
se foram alguns para o armengue construído com dinheiro público.
Esqueceram de
avisar ao prefeito atual, herdeiro do trambolho que os clientes não iriam. O
dono do armengue passou a soltar ofensas aos trabalhadores do centro e ameaças
veladas aos representantes da prefeitura. Vale salientar que muitos camelôs nem
foram para o trambolho. Aquele projeto inconcluso ficou vendendo ilusões a quem
se dispôs a ir abrir um box com custos elevados de locação.
Recebendo além do
terreno, uma grana de R$ 13.000.000,00 de reais dos cofres municipais, o tal
empresário se arvorou ao não concluir o projeto e mambembe, abriu o
estabelecimento. Ao longo do último ano, apenas quem se localiza na frente do
armengue consegue vender algo, quanto mais se adentra o trambolho, as vendas
caem. Sem poder pagar aluguel, tiveram boxes lacrados conforme reza uma das
cláusulas exorbitantes do contrato de locação. Sem segurança, sem apoio
logístico o empreendimento tem uma tendencia nos dias de hoje de virar suco,
quem sabe o caldo de cana, afinal de contas 27 vendedores de caldo de cana
foram cadastrados, onde estão? No começo ainda vi um funcionando no final
do galpão trambolhado, nem sei se ainda está aberto, e os outros forma pra
onde? Há meses que uma pergunta teima em replicar: Onde estão os 1800 camelôs
do cadastro para ocuparem o Armengue chamado de Shopping Popular? A
concessionária tem pago a prefeitura o Ônus Variável? Espécie de aluguel pago a
prefeitura pelo menos? Estão previstas no contrato, um aporte médio anual de R$
15 milhões de reais e a pergunta é: a empresa fez isto? Caso contrário cabe uma
ação de encampamento da concessão. Vale lembrar que o Investimento total do
empreendimento seria de R$ 92,2 milhoes de reais, incluindo os R$13 milhoes da
contrapartida da Prefeitura.
A sensação que
temos ao visitar o armengue é que apenas a grana da prefeitura entrou na
parada. Mas aí fica mais fácil culpar a oposição que deseja fazer política com
o fato. Mas, aqui pra nós, oposição deve fazer o que mesmo? Ficar em silencio?
Somente os coligados da gestão municipal tem direito a fazer política?
Ora, me façam uma garapa de limão com açúcar e gelo. Infelizmente, a
preocupação com os mais pobres somente acontece em épocas eleitorais. Então
encerro com uma expressão que utilizei na audiência pública da defensoria
pública e em outra na câmara de vereadores:
Texto: Antônio Rosevaldo/Economista
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