Para a oitiva desta quarta-feira (1), às 14h, foram convocados
dois camelôs do Setor de Artesanato e pessoas ligadas ao processo do Shopping
Popular: Licia Maria Jorge, Lucas Henrique Santos Soares, Adriana Estela Assis
(presidente da comissão de licitação quando se encaminhou a parceria entre a
Prefeitura e o Consórcio) e Cleudson Santos Almeida (procurador do Município à
época e atual superintendente Municipal de Transporte e Trânsito). Está
reconvocado o secretário Municipal de Planejamento, Carlos Alberto Oliveira
Brito, para depor na condição de testemunha por ter sido o presidente do
Conselho Gestor das Parcerias Público Privadas (PPPs).
Luzia, que atuou por um ano e quatro meses no local (de dezembro
de 2020 a abril de 2022), fez um relato do que vivenciou neste período.
Segundo ela, a falta de público e de vendas acabou gerando imensas dificuldades
para os que aceitaram ir para o empreendimento. Em razão disso, a classe
sofre acúmulo de dívidas e decepção pela "diferença entre o
prometido e a realidade". Antes da experiência, ela vendia aparelhos
eletroeletrônicos novos e usados no fundo do Mercado de Artes, junto com o
marido, que iniciou as atividades em 1992. Por meio deste trabalho, criaram
dois filhos, adquiriram casa própria e mantiveram o sustento da família de
forma satisfatória.
No entanto, o esposo dela "se viu obrigado" a assinar
o contrato com o consórcio gestor, porque a proposta foi “ou assina e recebe a
chave, ou não terá mais direito ao box e mesmo sem possuir o conhecimento devido
do documento, ele assinou”. Garantiu que não houve discussão prévia de
cláusulas contratuais nem de valores a serem pagos.Após ocupar um espaço de
cinco metros, na rua 33 do entreposto comercial, afirmou a depoente, as vendas
caíram e passou a se sentir constrangida por não conseguir quitar sequer as
despesas de casa. “Para os senhores terem uma noção, durante este período que
fiquei no empreendimento eu vendi apenas R$ 724. Tinha que pagar todo mês
um boleto de R$ 189,90 referente a valor de condomínio, entre outras despesas,
que em média ultrapassavam R$ 2 mil no total", revelou.
A vendedora lembrou que a promessa do consórcio e também do
poder público foi de oferecer "uma estrutura muito boa, moderna, com
serviço de bancos, grandes lojas de âncoras, escadas rolantes, ambiente
climatizado, creches para quem tivesse crianças pequenas e grande fluxo de
pessoas, mas quando saí em 2022, estava tudo do mesmo jeito de quando
cheguei". Ela propõe uma diretoria do Shopping Popular formada
com representantes do consórcio e dos trabalhadores, para facilitar a discussão
dos problemas.
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