Nesse 13 de dezembro de 2019 completou 51
anos o AI-5, Ato Institucional Número 5, baixado em 1968 pelo regime militar
instaurado no Brasil pelo golpe de 1964. O AI-5 determinou o fechamento do
Congresso Nacional e a implantação de uma série de medidas restritivas às
liberdades políticas e individuais no País, o que resultou na cassação de
políticos opositores, e na prisão, morte e desaparecimento de inúmeras pessoas.
Aproveitando a oportunidade, o Memorial da Feira,
portal mantido na internet pela Prefeitura, através da Secretaria Municipal de
Comunicação, publica o documentário Chuvas de Março, realizado
em 2002 pelos documentaristas Johny Guimarães e Volney Menezes.
Com
1 hora e 20 minutos de duração, o documentário mostra os desdobramentos do
golpe de 1964 e as consequências do AI-5 em Feira de Santana, com depoimentos
de várias pessoas que se opuseram ou apoiaram o movimento dos militares. Entre
os opositores, há depoimentos do então prefeito Chico Pinto, deposto da
prefeitura logo após o golpe, do professor Luciano Ribeiro, da ex-reitora da
Uefs, Iara Cunha, do economista Hosannah Leite, e do sapateiro Torquato de
Brito, militante do Partido Comunista Brasileiro, todos presos pelo regime
militar. Entre os apoiadores, há depoimentos do advogado Hugo Navarro e do
ex-prefeito Joselito Amorim, que sucedeu Chico Pinto no governo municipal.
Os
depoimentos mais marcantes, entretanto, são do advogado Celso Pereira e do
economista Sinval Galeão. Os dois contam como foram torturados, ainda franzinos
adolescentes, por prepostos militares, em uma prensa de fumo, para que
revelassem onde estavam as supostas armas reunidas por Chico Pinto para
resistir ao golpe. Ao lado de uma dessas prensas, eles mostram em detalhes a
tortura que sofreram, sendo colocados, deitados, dentro do equipamento, para
serem literalmente prensados como se fazia com os fardos de fumo.
Outro
depoimento interessante é do professor e ex-vereador Humberto Mascarenhas, um
dos fundadores do Partido Comunista em Feira de Santana. Ele conta que, em
busca de um militante de esquerda chamado José Pereira dos Santos, os militares
prenderam várias pessoas inocentes com esse mesmo nome aqui em Feira, para
tentar descobrir entre eles quem era o procurado, enquanto o verdadeiro Zé
Pereira comunista já houvera se evadido para bem longe da cidade.
O
documentário Chuvas de Março foi exibido pela primeira
vez em 2005, no Clube de Dirigentes Lojistas. Em 2009 participou da 36ª Jornada
Internacional de Cinema da Bahia, no teatro do ICBA – Instituto Cultural
Brasil-Alemanha, em Salvador. No portal Memorial da Feira,
pode ser visto na seção Relíquias da Feira.
O portal pode ser acessado na internet, no endereço memorialdafeira.ba.gov.br.
Fonte: Secom
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