Este mês de maio lembra que há 3 anos, em
2015, a Feira de Santana e principalmente o Fluminense de Feira, perdeu
Segundo Peleteiro Rajó, um espanhol que gostava de se declarar feirense. Vale a
pena, pois, lembrar causos que marcaram a passagem de Peleteiro Rajó, contados
pelo professor Evandro Oliveira (Adilson Simas):
SEGUNDO PELETEIRO - UM VALENTE MEDROSO
Segundo Peleteiro (foto),
feirense, baiano e brasileiro que nasceu sem querer na Espanha, é um homem dos
mais valentes, corajoso capaz de desafiar a torcida adversária com a polícia na
cidade deles, é só prejudicarem o seu Fluminense.
Homem
"brabo" está ali, não tem medo de nada, nada? Bem não é assim também,
tem um medo terrível de alma do outro mundo, e sabem como é, basta ter medo
para elas aparecerem.
Certa
feita estava ele indo para casa de madrugada montado numa bicicleta, ouviu uma
voz dizer Seguuundo, não teve outra, largou a bicicleta correu desabaladamente
até sua casa, acordou a mulher e mandou ela ir buscar o seu transporte
abandonado.
Outra
vez, depois da meia noite, hora horrível para o aparecimento destes fenômenos,
andando pela Praça da Bandeira, nervoso balançando a mão com a chave do carro,
sem querer bateu esta naqueles grandes tanques de coleta de lixo, saltando daí
um cachorrão que estava à procura de alimento.
Ninguém
sabe quem ficou mais assustado ele ou cachorrão, mas com certeza se estivessem
nas olimpíadas, ele e o cão, teriam trazido medalhas de ouro em corrida para
nosso país.
Contudo
o caso mais estranho aconteceu com ele e Alteração, como era conhecido um ótimo
lavador/polidor de carro. Alteração é o que se pode chamar de horroroso,
baixinho, corcunda, um nariz enorme tomando toda sua face pequena, com os dois
olhos tão juntos e vesgos que pareciam ser um só, totalmente careca. Tenho
certeza que Spielberg o conheceu e se inspirou nele para criar o personagem ET,
só que deu um toque doce que Alteração não tinha.
Alteração
tinha ótimos clientes e sabia quando eles paravam o carro e iam demorar, aí ele
limpava, polia e depois cobrava, às vezes até no fim do mês. Segundo Peleteiro
era um desses clientes.
Certa
vez parando sua Rural Willis na porta da “Filarmônica 25 de Março” para
se distrair, Peleteiro como de costume, não trancou a porta do veículo –
naquele tempo não tinha roubo de veículos – para que Alteração fizesse o
serviço.
Já
passava das seis horas da noite, Alteração decidiu: vou fazer meu último
trabalho do dia, bem caprichado para o “espanhol” abrir a mão na gorjeta.
Trabalhou com afinco, lá pelas vinte horas, tinha terminado estava cansado,
pois acordou as sete e aquele era o oitavo carro do dia. Recostou no banco
traseiro e adormeceu.
Peleteiro
terminou de jogar às 15 para a meia-noite, e como era certo não descia aquelas
escadas sozinho, ainda mais quando olhava aquele mundo de retratos dos
ex-presidentes já falecidos, que ficavam expostos na parede. Só doze e meia
quando Jorge resolveu também ir embora, Peleteiro pegou a carona na descida da
escada que rangia e ele achava fantasmagórico
Já na rua, Jorge entrou no seu Landau e
Peleteiro na sua Rural, ligou a máquina e arrastou, dobrou a esquina e subiu as
praças João Pedreira e da Bandeira seguindo a Avenida Getúlio Vargas com
destino à Kalilândia onde residia. Quando fez a curva para sair da Getúlio, a
Rural balançou e Alteração acordou botou a cabeça pavorosa para cima e gritou
“Ei que é isso?”
Segundo
Peleteiro, o valente, olhou pelo retrovisor, que distorcia ainda mais o rosto
horrendo, clamando por todos os santos e vociferando “vade retro Satanás”
saltou da Wilis Overland, correndo como um louco, só parando quando chegou em
casa.
Meia
hora depois, recuperado o fôlego pode contar o que estava acontecendo
à sua esposa e enquanto isso o pobre carro, sem motorista, conduzindo o
assustado Alteração, subia o meio-fio, batendo de raspão no poste.
Fonte: Secom
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